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OPINIÃO: Lógica e racionalidade

Em um encontro casual com um amigo, outro dia, ele, não espírita, e sabedor deste espaço (e leitor, segundo ele), me questionou quais as razões de o Espiritismo não se alinhar e não aceitar como crível, apesar de estar escrito na Bíblia, algumas das principais teses pregadas pelas religiões ao longo dos séculos. Por exemplo, céu e inferno, Arca de Noé, Adão e Eva, juízo final e tantas outras "verdades" que nos foram ensinadas desde criança e que permanecem válidas e absolutas até hoje para uma parcela significativa dos cristãos. Pois, vou tentar esclarecer a razão através do seguinte exemplo: Você tem anzol em casa? Se tiver, deve ter, também, um ou mais caniços. Se tiver um, dois ou três caniços, é porque gosta de pescar e se gosta de pescar, deduz-se que quando vai, como todo o pescador, ainda que seja amador, faz o possível para trazer peixes para casa.

E, se traz peixes para casa, é porque gosta de comê-los fritos, assados, enfim, o modo não interessa e sim o prazer de pescar e o gosto de saborear a carne de peixe. E, continuando o nosso raciocínio, se tem prazer de pescar e gosta da carne de peixe, significa dizer que, quando chegar em casa, precisará de um lugar para armazenar os peixes que pescou e não comeu. E, se precisar de um lugar para guardá-los, será necessário que esse lugar seja frio, muito frio, para conservá-los para que não se deteriorem. Daí, a conclusão lógica do texto acima: se você tem anzol em casa, seguramente tem um freezer.

Pois, para quem não sabia, e seguramente não é o seu caso, lógica é isso. É o encadeamento, a ligação, o enfileiramento de ideias elaboradas e aceitas pela nossa razão para chegarmos a uma conclusão mais próxima da verdade, pois que a lógica não habita os nossos sentidos e sim a nossa razão. Desde tenra idade fomos educados a seguir e acreditar em certas verdades, sem muita, ou quase nenhuma preocupação em pararmos para pensar e avaliar se aquilo que nos diziam ou nos passavam como verdades tinha lógica ou não. Ficávamos presos e engessados a uma realidade fixa, sedimentada, principalmente no que tange a assuntos religiosos. E, como até hoje, para a maioria das pessoas, assunto religioso é uma caixa-preta que passa de pai para filho sem nenhum filtro que separe o aceitável do absurdo, nossa razão fica sedentária, estática e até mesmo reumática quando a ela são propostos temas e novas ideias e possibilidades que ferem as verdades milenares ainda vigentes e aceitas pela maioria.

Se é verdade que coração é o nosso principal órgão para nos manter vivos, também é verdade que o cérebro é o principal órgão para nos manter atentos e ligados ao que acontece à nossa volta. Somos não somente donos do nosso destino, mas donos, também, das nossas escolhas, pois é exercendo esse poder de satisfazer as nossas vontades na busca de suprir as nossas ânsias por explicações mais racionais, que as casas espíritas recebem, cada vez mais e mais, pessoas que buscam respostas convincentes para as suas dúvidas e angústias, principalmente a respeito do chamado, erroneamente, diga-se de passagem, sobrenatural.

Mas, Deus, infinito em bondade, sabedoria e em todas as virtudes, não nos quer encaminhar para o entendimento por meio de imposições hierárquicas, prodígios ou coisa que o valha, razão pela qual deixa, a cada um de nós, o mérito de nos convencermos pela ação da nossa própria razão, pois que, o Espiritismo, e foi esta a resposta que dei ao questionamento do meu amigo, diferentemente das demais religiões deterministas, assenta suas bases em dois pilares básicos e fundamentais e, por isso mesmo, fortalecedores da fé que, antes de acreditar, pensa, analisa e raciocina: lógica e racionalidade.

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